quarta-feira, 13 de agosto de 2008

IV Festival de Apartamento "Sechiisland"




"In progress", um trabalho em processo que apresentei juntamente com os integrantes do "Coletivo Arquipélago", Flávio Rabelo e João de Ricardo, em 9 de Agosto de 2008, no IV Festival de Apartamento "Sechiisland", organizado pelo grupo performático Acompanhia. As minhas ações performáticas foram influenciadas por estudos pessoais em torno do terror veiculado nos meios de comunicação de massa, principalmente aquele disseminado na rede internet. Além de analisar notícias e imagens de terror veiculadas neste meio, para (res)significar no topos da ação performática, inspirei-me notadamente, no documentário Ônibus 174, dirigido por José Padilha, assim como também, nas ácidas letras musicais, do rapper carioca MV Bill, emboladas por uma batida alucinante, que remete ao universo que irrompe da sexualidade.
Outros estudos também contribuíram de fora significativa para este trabalho, como o estudo em torno da cultura popular na Idade Média e Renascimento, apresentado por Mikhail Bakhtin, além de inspirar-se em estudos sobre os mitos antigos gregos de Narciso e Medusa. O de narciso principalmente por conta da atualidade que este adquire em nossa contemporaneidade. Basta analisarmos a "infinidade de páginas de relacionamento em que os usuários fazem questão de devassar sua intimidade e a alheia, blogs, fotologs e afins que expõem vidas e imagens que parecem ter sido preciosamente esculpidas para agradar".(1)
O mito da Medusa, por sua vez, revela a dualidade, ambigüidade, o paradoxo inerente à existência humana. Ao mesmo tempo em que ela fascina por sua beleza, ela também aterroriza, petrificando os olhos de quem a olha. Além da dualidade inerente à esta deusa, o que pode estar subentendido nesta relação de petrificação? Emprestando-me da releitura de Deleuze, por Marcus Doel, esta relação nos demonstra "que o rosto do Outro é, antes e sobretudo, uma superfície cheia de furos", fortalecendo a idéia de que, "a geração de subjetividades não consiste na demarcação dos limites de um eu, enclausurado e interior, mas na idéia de que ele é o efeito de uma função ou operação que sempre se produz na exterioridade desse eu. O sujeito já não é uma unidade-identidade, mas envoltura, pele, fronteira: sua interioridade transborda em contato com o exterior".(2)p.108 e 122.

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