sábado, 28 de junho de 2008

Hot Room!





Hot Room! Um ensaio fotográfico realizado em 25 de maio a partir de uma ação performática apresentada por Isabella Santana e João de Ricardo e fotografado por Tonhão. Este nasceu como proposta vivencial do coletivo arquipelágo, um projeto in progress, que tem como embrião laboratórios práticos e estudos teóricos em torno da performance art. A primeira experiência foi o trabalho solo “casulo”, apresentado por João de Ricardo. A segunda se deu com "arquipélago n. 01", apresentada por Flávio Rabelo, Isabella Santana e João de Ricardo e, a terceira, Hot Room!
Hot room! Foi incialmente inspirada na música de mesmo título, interpretada por Linda Lamb e revisitada também por uma versão de Siobhan Fahey. A este insight, agregamos elementos acumulados de experiências anteriores. Um deles foi a utilização do espelho, partindo da concepção dos mitos de Narciso e Perséfone:
Perséfone cheirou a flor de narciso que a entorpeceu. Aproveitando isso hades a sequestrou, a levou pro reino ctônico e a estuprou. A partir dai perséfone foi coroada rainha do hades.

Partindo da idéia do entorpecimento, iniciamos a ação com a ingestão de placebos vermelhos e azuis, oferecidos também, em cima do espelho, ao público participante. The red, or the blue one? What you choose? O duelo entre o bem e o mal, morte e vida, superfície e profundeza, paraíso e inferno, realidade e virtual, são assim encontrados, no desenrolar desta ação.
Num segundo momento, João ao mascarar seu rosto e sua persona, comporta-se como servo seduzindo ao mesmo tempo, Isa ao inferno, levando-a até às profundezas, do universo que irrompe da sexualidade. Hot Room! Fetichismo visual! Environment vermelho, gestos obscenos, perversão, narcisismo, champagne, morangos e cremes, irão de encontro aos elementos do Hades e também, dos mistérios de Elêusis e das festas dionisíacas.
O importante é concluir que a sociedade é constituída historicamente, desde milhões de anos, destas dualidades, em que permeiam a beleza e a feiúra, o grotesco e o sublime, o trágico e o cômico.
O terror e a violência, por sua vez, inerentes ao instinto animal, segmentam traumas ao longo dos séculos, que aliados ao desenvolvimento das novas tecnologias, vêm alterando profundamente os modos de comportamento e as relações interpessoais, tornando-as cada vez mais frias, efêmeras e transorgânicas.

Obs: este trabalho é um work in progress, para uma proposta de ação performática, a ser apresentada brevemente!



CONFIRA O LINK ABAIXO COM AS IMAGENS DO ENSAIO, FOTOGRAFADO PELO TONHÃO!
http://www.cybunk.com/~natousayni/arquipelago/gallery_hotroom/index

Arquipélago N.01





Esta ação, foi apresentada em 2008 na Universidade Estadual de Campinas, pelos integrantes do coletivo Arquipélago: Flávio Rabelo, Isabella Santana e João de Ricardo e fotografada por Tonhão e Patrick Vesali.

Acessem o link abaixo do site com as fotos da performance Arquipélago N.01 tratadas pelo fotógrafo Tonhão!

http://arquipelago.no-ip.org/

Performance do terror!





Performance apresentada por Isabella Santana em 2007 na Unicamp, na disciplina de mestrado Seminário Avançado, ministrada pela professorea Lygia Eluf. Esta performance foi uma tentativa de refletir a tragicidade da vida, como elemento intrínseco a condição humana, (res)significando no ambiente imersivo da ação, imagens midiáticas contemporâneas que exaltavam um presente desencantado. Para isso, nos baseamos em notícias e imagens do terror cotidiano, massivamente veiculadas e exploradas por sites populares da rede internet, atentando para os acontecimentos do terrorismo no Iraque, o massacre de Virginia Tech nos EUA e da violência urbana no Brasil. A trilha sonora melódica retirada do álbum sem título da banda islandesa Sigur Rós traz intencionalmente à cena o tom melancólico da gelada Islândia, remetendo-nos igualmente ao espírito do nosso tempo, das sociedades transorgânicas, cada vez mais interfaceadas por diversos aparatos e objetos tecnológicos (celulares, tocadores compactos de MP3, notebooks, televisão) que substituem os de outrora, sagrados fogos do lar.

Pulo!





Performance apresentada em Dezembro de 2006, por Isabella Santana e Rogério da Silva, na caixa d'agua da UNICAMP(Universidade Estadual de Campinas), em homenagem ao suicida que se atirou dela, Everaldo Junior.

Sobre o Suicídio
Antes de me suicidar exijo que me assegurem a respeito do ser, eu gostaria de estar seguro a respeito da morte. A vida me parece apenas como um consentimento à legibilidade aparente das coisas e à sua ligação no espírito. Eu não me sinto mais como a encruzilhada irredutível das coisas, a morte que cura, cura ao nos separar da natureza; mas se eu não sou mais que um divertimento de dores onde as coisas não passam? Se eu me mato, não será para me destruir, mas para me reconstituir, o suicídio não será para mim senão um meio de me reconquistar violentamente, de irromper brutalmente em meu ser, de antecipar o avanço incerto de Deus. Pelo suicídio, eu reintroduzo meu desígnio na natureza, eu dou pela primeira vez às coisas a forma de minha vontade. Eu me livro deste condicionamento de meus órgão tão mal ajustados com meu eu e a vida não é mais pra mim um acaso absurdo onde eu penso aquilo que me dão a pensar. Eu escolho então meu pensamento e a direção de minhas forças, de minhas tendências, de minha realidade. Eu me coloco entre o belo e o feio, o bom e o malvado. Eu me torno suspenso, sem inclinação, neutro, exposto ao equilíbrio das boas e das más solicitações...É certamente algo abjeto ser criado e viver e sentir-se nos mínimos recônditos, até nas ramificações mais impensadas de nosso ser irredutivelmente determinado. Não somos mais do que árvores, no fim de contas, e está provavelmente inscrito em uma extremidade qualquer da árvore de minha raça que eu me matarei um determinado dia...Pode ser que nesse instante se dissolva o meu ser, mas se ele permanecer inteiro, como reagirão meus órgãos arruinados, com que impossíveis órgãos registrarei eu o dilaceramento? Eu sinto a morte sobre mim como uma torrente, como o salto instântaneo de um raio cuja capacidade eu não imagino...Mas eis Deus de repente como um punho, como um feixe de luz cortante. Eu me separei voluntariamente da vida, eu quis remontar meu destino! E este Deus, o que diz ele? Eu não sentia a vida, a circulação de toda idéia moral era para mim como um rio seco. A vida não era para mim um objeto, uma forma; ela se tornara para mim uma série de raciocínios. Mas de raciocínios que giravam no vazio, de raciocínios que não giravam, que eram em mim como "esquemas" possíveis que minha vontade não conseguia fixar...Deus me colocou no desespero como em uma constelação de impasses cuja radiação chega a mim. Eu não posso nem morrer, nem viver, nem desejar morrer ou viver. E todos os homens são como eu.
Antonin Artaud (Linguagem e Vida).

Desjejum!




Performance apresentada por Isabella Santana como trabalho de conclusão de graduação na Universidade Federal de Sergipe em Maio de 2006. Nós reatamos com a vida em vez de nos separarmos dela... Cômico ou trágico, nosso jogo será um desses jogos em que em num dado momento a gente ri amarelo...Nós pedimos, em uma palavra, ao nosso público, uma adesão íntima, profunda. A discrição não é coisa nossa. O espectador que vem à nossa casa saberá que ele vem se oferecer a uma operação verdadeira onde não somente seu espírito mas seus sentidos e sua carne estão em jogo (Antonin Artaud).

Rasgo!





Performance apresentada em 2005 por Isabella Santana na abertura da exposição “Tribus Visuais”, na galeria de Arte Jenner Augusto, localizada na cidade de Aracaju-SE.
Um estrépito. Um grito que parte das entranhas. Rompimentos de cascas, rompimentos de barreiras, rompimento de máscaras. Ruptura do revestimento que recobre as vísceras, os trapos que usamos para esconder nossas vergonhas. Ruídos humanos em momentos de flagelação e dor que se desnudam em camadas!

Influxo 0





Performance apresentada pelos integrantes do Neo-mutismo Isabella Santana e Rogério da Silva em 2005, na abertura da exposição “Gravuras de Inverno”, na galeria de arte do Sesc-centro de Aracaju-SE.

Os Sinistros!




Performance apresentada em 2005 na Universidade Federal de Sergipe pelos integrantes do grupo Neo-mutismo: Isabella Santana, Pablo Giocondo e Rogério da Silva.
A perseguição aos “Sinistros” é lendária, muitos foram os canhotos obrigados a se adaptar ao uso da mão direita, tendo a mão esquerda amarrada à carteira durante o ato da escrita. A Bíblia por suas citações acerca do lado direito como o lado da luz, da sabedoria e da justiça fomentou esse preconceito ao ilustrar o quanto Deus tem feito com sua mão direita: com ela Deus nos sustenta (Salmos 18:35); com ela opera a justiça (Salmos 48:10); com ela dividiu em dois o Mar Vermelho (Êxodo 15:6); com ela faz proezas (Salmos 118:15,16), entre outras. Foi também a partir dessa evocação e de discussões acerca da ciência como fator de quebra de tradições, preconceitos e perseguições que surgiu a primeira fonte inspiradora do tema central da segunda performance, a gênese.
A criação de Adão e Eva transpostos para o universo tecnológico foi em suma um pretexto para unificar diversos elementos da cena artística dos anos 80, década em que a linguagem performática recebeu novos impulsos com os movimentos punk e gótico londrinos e nova iorquinos.
A desumanização, levada às últimas conseqüências na linguagem Neo-mutista implicou em buscar na gênese o renascimento do homem-máquina - ser que perdeu sua sensibilidade tornando-se “proto-subjetivo”, composto de motores e circuitos elétricos em vez de órgãos banhados em sangue.

Experiência n. 01





TERRORISMO. Na penumbra, um disparo convertido em abrigo anti-bomba as luzes de emrgência são acesas. Um vulto vestido de negro, encapuzado, apontando uma arma para a cabeça do palestrante, rompendo o silêncio do ambiente com a ordem: _ Tire a blusa! Sob a mira do revólver_ Tire a luva esquerda! Venda os olhos! Eu vendo meus olhos todos os dias _ respondeu a vítima, vendando os olhos. _ Tire a luva direita! ... Venda a boca! Eu vendo minha boca todos os dias. O grito amordaçao e vibrante e o MUTISMO extremado resultam num único gesto que não aceita a transformação do acontecimento em espetáculo barulhento como a cifra mais forte de um presente desencantado.

O embrião!




Minha pesquisa pessoal, em torno da performance art começou em 2005, a partir de uma primeira experiência apresentada na abertura da exposição Tribus Visuais, na Galeria de Arte Jenner Augusto, localizada na cidade de Aracaju-SE. Logo em seguida, fui convidada pelo artista visual Rogério da Silva, na época professor substituto de Estética e História da Arte, da Universidade Federal de Sergipe, para formar o grupo Neo-mutismo, com o intuito de realizar pesquisas teóricas e práticas, em torno da performance art. Desde então, começamos a realizar uma série de apresentações na cidade de Aracaju e, posteriormente em Campinas.